terça-feira, 8 de setembro de 2015

Como Cultivar com o Mapito

Olá galera!! Continuando com nossa seção “Hidroponia sem mistérios”, nessa nova edição da Revista Maconha Brasil vamos falar sobre o Mapito, o substrato inerte que podemos usar em sistemas hidropônicos, semi-hidropônicos, ou misturar com outros tipos de substratos inertes ou orgânicos.

Começaremos explicando o que é o Mapito:

O Mapito é um substrato inerte muito utilizado pelos cultivadores holandeses na floricultura em estufas e cultivos indoor pelas características que apresenta, como uma grande oxigenação e uma excelente retenção de umidade. É composto à base de flocos e escamas de lã de rocha, e polietileno.


Para podermos usar o Mapito, antes deveremos estabilizá-lo e umedecê-lo corretamente. O procedimento é muito simples e similar ao da lã de rocha. Em primeiro lugar limparemos o substrato para deixá-lo livre de impurezas ou sais que possam fazer aumentar os níveis de CE. Para limpá-lo corretamente deveremos por todo o substrato a ser utilizado num balde com água com uma CE o mais baixa possível, entre 0.3 e 0.4.

Uma vez que tenhamos o Mapito lavado, deveremos estabilizar o pH do substrato numa faixa de 5.5 para poder começar sem problemas o cultivo, com a CE o mais baixo possível e o pH estável para uma correta alimentação das plantas desde um o inicio. 

O Mapito é um substrato que antes de ser usado deve ser umedecido, caso contrário sua capacidade de reter água ficará muito aquém do seu verdadeiro potencial. É importante mantê-lo molhado durante umas 24 horas, aproveitando-se o momento para realizar a estabilização do pH. 

Vantagens do Mapito frente à Lã de Rocha:

O Mapito e a lã de rocha são dois substratos muito similares e com características similares também, ambos com excelentes resultados para os cultivadores. O Mapito, como dissemos, é composto por lã de rocha e polietileno apresentando-se em forma de flocos e aparas a granel. Este formato de flocos é ideal já que se pode cultivar em vasos, o que nos permite mexer ou rotacionar as plantas. Com os Slabs de lã de rocha, as plantas não podem ser mexidas já que poderíamos quebrar as raízes ou o torrão central, danificando-as. 

Por outro lado temos o grau de oxigenação. Nos dois substratos é alto, mas cabe dizer que o Mapito ao ser granulado tem um grau extra de oxigenação. O alto grau de porosidade do Mapito faz que este meio de cultivo seja muito adequado para os cultivadores em hidroponia e vasos. A retenção da umidade é muito similar entre os dois substratos, porém com o Mapito ganhamos em oxigenação e retenção de umidade com relação ao Slab da lã de rocha comum. 

Como cultivar em Mapito passo a passo:

O primeiro que faremos, como já comentamos anteriormente, é adequar a CE e o pH do substrato. Procederemos colocando o substrato num balde com água com o pH estabilizado entre 4.2-4.5 tendo em conta que o mesmo acabará por subir a 5.2-5.5, sendo essa a faixa para começarmos com as mudas ou estacas. Mediremos a CE inicial para saber a diferencia de CEs depois de realizar a estabilização do substrato.


Se observamos que depois de umas 12 horas a CE d’água que está de molho subiu alguns pontos, deveremos vaziar o balde e enchê-lo novamente com água a uma CE inicial baixa e um pH estável de novo. 

O segundo passo após estabilizar o Mapito é proceder à eliminação do excesso de água, de modo que o substrato fique umedecido, mas sem estar encharcado: pode-se simplesmente exercer uma leve pressão com as mãos para retirar o excesso de água. 

Deveremos pôr o Mapito num vaso, com cuidado, observando para que não fique muito comprimido, já que isso levaria a uma redução importante da oxigenação do substrato. Há que se ter em conta que o Mapito quando absorve água se comprime, fazendo um oco; por tanto, encheremos os vasos com substrato e depois da rega olharemos se o substrato foi compactado deixando um espaço livre que deverá ser preenchido com mais Mapito. 

Uma vez que tenhamos os vasos preenchidos com o substrato, colocaremos as sementes previamente germinadas em lã de rocha ou pequenos blocos de Mapito comprimido, como se de terra se tratasse, deixando que o caule fique coberto por uma pequena camada de Mapito. As tampas dos vasos serão indispensáveis para evitar que as raízes entrem em contacto com a luz e ao mesmo tempo evitaremos o crescimento de algas no substrato, pode ser utilizar argila expandida o brita para tampar a parte superior. 

As tampas dos vasos terão dois buracos, o central, que será onde ficarão as mudas ou estacas, e um lateral, para que se possa instalar o gotejador. Cabe dizer que no começo do crescimento e até a segunda semana de floração, quando as raízes deixam de crescer, deverá ser realizada uma rotação da posição do gotejador para termos uma distribuição equitativa da umidade dentro dos vasos. Este procedimento se recomenda fazer sempre que trabalharmos com gotejadores, independentemente do tipo de substrato que seja usado. 

Este tipo de vaso está especialmente desenhado para o cultivo com Mapito, são vasos de 3,5L de capacidade (equivalem a vasos de 14L de terra) os quais têm uma excelente drenagem para facilitar a evacuação da solução nutritiva. Deste modo evitaremos a possibilidade de acumulação de sais ou de excesso de umidade, que poderia resultar no apodrecimento radicular ocasionando a morte das plantas. 

O Mapito também pode ser usado em misturas com outros substratos inertes tais como: fibra de coco, argila expandida, sunshime, perlita, etc. além de podermos utilizar junto com substratos orgânicos como húmus de minhoca ou terra adubada. O porcentual em ambos os casos é o mesmo: misturaremos 25-30% de Mapito no substrato utilizado habitualmente. O Mapito aportará a esta nova mistura uma maior retenção d’água e oxigenação, fatores que as plantas vão aproveitar. Os grandes fabricantes deste produto, Cultilene e Grodan, já a vendem misturada com fibra de coco, sendo essa a mistura mais utilizada por os cultivadores na Europa e Estados Unidos entre todas as que acabamos de mencionar. 


Conclusões sobre o cultivo em Mapito:

O Mapito está cada vez mais estabelecido nos sistemas de cultivo hidropônicos, premiando seus utilizadores com velocidade no crescimento, facilitando o cultivo e resultando em melhor produtividade e qualidade no produto final.

Podemos dizer que em comparação à lã de rocha, usada tradicionalmente na hidroponia, o Mapito torna mais fácil a movimentação das plantas, possibilitando procedimentos que envolvem rotações. Além disso, a quantidade de nutrientes deverá ser rebaixada em comparação à que usamos na lã de rocha, o motivo é que a clara melhora na oxigenação do sistema radicular tem como consequência uma maior absorção dos nutrientes, diminuindo a quantidade de adubo necessário em comparação a outros substratos. Também cabe destacar que com o Mapito a quantidade d’água utilizada na irrigação será menor, devido à grande capacidade que este substrato tem de reter água e umidade. 

O Mapito, diferentemente da maioria dos substratos pode ser reutilizado várias vezes, só devemos retirar as raízes, lavando cuidadosamente com água e limpando o excesso de nutrientes e impurezas que possa ter se acumulado no cultivo anterior. Nessa operação perderemos entre 10-12% do volume já usado, mas será recuperado algo em torno de 90% do Mapito. Por último voltaremos a realizar o processo de estabilização, deixando-o novamente num balde com água, a um pH de 5.5 e uma CE de 0.4, durante um período entre 12-24 horas.

Com tudo isso, só podemos dizer que o Mapito é sem dúvida nenhuma um dos substratos inertes melhores que o mercado para cultivar em hidroponia tem a nos oferecer. Esperamos encontrar a todos vocês novamente na próxima edição, com mais dicas, explicações e sugestões. Grande abraço a todos e boa coleta.

Autor: Mr. Hydro